sábado, 28 de janeiro de 2012

A nação sem "Noção Política" 01

Eu me aborreço sempre com os rumos que tomam as discussões políticas neste país.
Nem falo mais com relação ao meu ínfimo micro-cosmo ao qual chamo de "cidade onde vivo", que poderia ser, em projeção, meu "umbigo social".
Falo sobre o nível do debate geral e irrestrito onde todos nos encontramos, pela inexperiência política em democracia  que temos, devido aos anos de ditadura e, principalmente, pela apatia e ignorância em todos os aspectos.
Eu nasci em Poços de Caldas, em 17 de setembro de 1970.
Quase 01 ano e 2 meses depois de Neil Armstrong ter pisado na lua.
Exatos 01 ano e 01 mês após o Festval de Woodstock.
Cerca de 06 anos e 06 meses após o início do regime ditatorial no país.
Já tinham colocado seus coturnos no poder os Generais Castelo Branco e Costa e silva e Garrastazu Médici iria completar 01 ano a frente do País em menos de 2 meses depois.
A chamada "resistência" já tinha dado seus inícios há dois anos (Protesto com 100.000 pessoas no RJ e o ataque a bomba no quartel em SP).
Um ano antes do meu nascimento deu-se o tal "sequestro do embaixador americano" (pela ALN e MR-8) e os "guerrilheiros" tinham roubado o famoso "cofre do Adhemar"  
Os últimos e mais marcantes resquícios de resistência aos milicos em 1970 já tinham ocorrido antes do meu nascimento: O rapto do Cônsul japonês e a execução de Alberto Mendes Júnior pelo desertor Carlos Lamarca.
Quando nasci, no interior de Minas, a poeira começava a baixar. O povo, em sua maioria assustado, já baixava também a cabeça em consentimento ao "novo" regime. Muitos até o defendiam, em contraponto aos "baderneiros" revolucionários.
No interior, imperava o fisiologismo (até hoje é assim) e as pessoas queriam mais era cuidar de suas vidas.
Encher o bucho de comida era mais importante. Afinal, a "ordem" estava garantida.
Nós fomos acordar quando eu já tinha iniciado meus trabalhos no rádio em 1985.
Abrimos os olhos depois de um sono e ainda ficamos com os olhos ofuscado pela luz por mais alguns anos.
A Banda Blitz já tinha emplacado "Você não soube me amar" e estava com seu hit "Mais uma de amor(geme geme)".
Eu pegava o LP da banda com duas faixas riscadas em X para não serem ouvidas porque foram censuradas e achava normal.
A censura era uma coisa normal e boa, porque nos dava a sensação indescritível ser subversivo.
Eu tinha 14 anos quando iniciei no rádio e já tinha a malícia de ouvir as músicas de caras como Chico Buarque e outros que considerava "chatos" como Caetano e Gil e interpretando ao contrário: quando eles diziam que a "banda" quando passava era uma outra coisa e não uma banda mesmo. Eu achava chato por isso. Tinha que entender que o primeiro "Faroeste Caboclo" brasileiro, gravado por chico pelo nome de "Construção" falava do proletariado e tinha que traduzir o português para o português sem ter o espectro de abstração em meu pensamento adolescente para avaliar e mensurar esta ponte.
Só achava chato.
Me interessava apenas o Heavy Metal, ao qual não entendia muito as letras, mas era, ao menos uma resposta, um contraponto as imagens católicas (com imagens de demônios) e ao próprio catolicismo que sempre achei profundamente chato. Minha rebeldia depois veio acompanhada pelas bandas brasileiras.
Mas o que importa aqui, mais que a música ou religião, é o hiato político.
Fui criado em meio a um conformismo interiorano que, mesmo temperado pelas constantes férias nas casas dos meus parentes na capital SP (onde o conformismo era velado) e das visitas semanais a cidade junto a meus pais para comprar produtos vendidos em seu pequeno comercio em Poços.
Melhor para mim era a condecoração aos 10 anos por ter ganho um concurso de redação nacional promovido pelo MEC onde o tema era: Eu amo o meu país.
O governo era bom porque me dava prêmios quando tinha dez anos por aquilo que eu escrevia.
O movimento punk falava sobre ogivas nucleares dos EUA e a URSS.
Eu ouvia e gostava. A Plebe Rude e o IRA não queriam "lutar com fardas". A Legião não gostava de "química".
Mas o hiato tinha acabado.
Os abobalhados que viviam anestesiados viram um bigodudo "congelar" preços numa demonstração de que a ditadura era só pra comerciantes de carne.
Depois a ditadura foi se setorizando. Ela está aí agora. Mas se capilarizou, se embrenhou nas reentrâncias de um sistema político atavicamente corrupto.

2 comentários:

dfg8yg9h98 disse...

http://www.youtube.com/watch?v=PXaveO4meVg clik nessas letras com seu mause

Clayson Felizola disse...

O próprio cidadão é meio sem noção. Uma auto-piada. "tira leite de boi" rsrsrsrrsrs