domingo, 8 de janeiro de 2012

Núcleo de Gordinhas

Acabo de ver na Veja o "Núcleo  de Gordinhas" da novela Aquele Beijo (cuja audiência é capenga, o que comemoro porque estou no ar no mesmo horário).
Como novelas são esboço da bíblia satânica pra mim, eu assisto novelas pela revista anti-petista Veja.
Quem anda comigo no carro se assusta quando aumento apressadamente o volume do som e fecho os vidros ligando o ar.
Tenho  sempre que explicar o motivo.
Eu tenho um tipo de TOC que guarda diferenças pontuais entre os sintomas dos casos comuns. Para distinguí-lo, eu o classifiquei livremente como "TOC reativo".
Como agora, algumas pessoas resolveram copiar/colar meus textos dizendo ser seus, meu desejo é que um psicólogo expressivo copie/cole o TOC reativo.
Funciona assim:
Vejo que serei atacado por poluição sonora "musical".
Por exemplo, uma música breganeja, um "funk" imbecil e coisas do tipo.
Como, em geral não ouço som alto no carro e, quando estou acompanhado, prefiro conversar (claro, com som desligado ou baixo),   ao identificar que se aproxima uma caixa de marimbondos com boom boom ou que alguém quer que TODOS saibam que a-d-o-r-a "funk" ou a música "Ai se eu te pego" eu imediatamente subo os vidros e ligo o som.
É um TOC.
Posso apenas deixar o infeliz passar e ir embora com seu Michel (sobrenome-que-não-sei-escrever).
Mas como ficar imune a um som que penetra no seu cérebro como um monstro de Alien o Predador e entra em suas entranhas inoculando dentro de sua alma um eco infernal que lhe faz repetir "delícia blá blá blá" por quatro horas seguidas ou até que durma (ou mesmo depois)?
O cara passa com o carro, você ouve a frase que se repete interminavelmente e depois que o cidadão está espalhando suas fezes sonoras bem longe de você o eco está repetindo em seu cérebro. Coisa do demo isso.
Melhor não ouvir.
Aumento o som, falo mais alto, fecho o vidro e crio uma armadilha mental contra monstros do Alien o Predador.
É desagradável para quem está junto (que normalmente se assusta).
Mas nos tempos te hoje, basta um nome e tudo se resolve. Neste caso, três letras: TOC.
Ao interlocutor só dou o direito de resposta com duas letras: Tá.
Mas e se o Michel fosse uma gordinha sensual?
Seria algo complicado pra mim.
Continuaria detestando a poluição sonora musical, mas teria alguma afeição por quem empunharia o microfone para divulgá-la em clips do youtube ou no Faustão (apesar de, se depender de minha audiência no segundo caso, nunca a conheceria).
É o dilema que vivo agora ao saber que há um "Núcleo de Gordinhas" em uma novela.
Melhor que não soubesse. Melhor que algum tarado por gordinhas fizesse uma colagem de todas as cenas delas na novela e postasse no youtube ou outro site. Desde que se preocupasse em não inserir os textos e a trama.
As novelas foram feitas para segurar as pessoas todos os dias naquele horário, naquele canal.
Por isso que eu incentivo as pessoas a assistirem ao meu programa "On Demand".
Não precisa estar naquele horário sentado em frente a tv.
Mas o meu caso é nobre, quem está assistindo pode interagir, perguntar, participar.
As novelas não.
Se eu pudesse participar diria ao autor da novela (Fallabela?):
-Transforme tudo em uma agradável comédia.
-Tire o protótipo babaca de "Galã" e coloque caras normais bonitos ou não, mas que expressem sua beleza de várias formas que não seja apenas a física.
-Fale sobre coisas que nos deixem felizes e  NUNCA queria fazer panfletagens e "campanhas" do tipo "leucemia Mielóide Aguda". Isto é passatempo e entretenimento. Sem aborrecimentos desta natureza, por favor.
-Não seja tão explícito nos merchans a ponto da gente pensar que estão nos querendo enganar (isso nos afasta do produto em vez de nos aproximar)
-ESQUEÇA a necessidade de ter um vilão e um mocinho. Pense em uma novela só com vilões sacaneando uns aos outros. É mais próximo de nossa realidade. Ou comece apresentando todos como mocinhos mostrando ao final que são profundamente falsos o que também nos aproxima da realidade.
-Aliás, mostre a realidade. Pessoas sem maquiagem quando acordam, por exemplo. Desperte as pessoas do "sonho" em que vivem sem ter que criar novos sonhos para que se aguentem e preencham o enorme vazio interior que possuem por viver apenas dentro de um sonho 100% de suas vidas.
Mas mantenha apenas uma coisa: O núcleo de gordinhas.
Não vá colocá-las com diabetes, problemas cardíacos, brigas com a balança, humilhações e xingamentos na rua.
Mostre-as com glamour, mostre-as com um delicioso e malicioso olhar de "politicamente incorreto". Mostre suas estrias e celulites e tudo aquilo que todas as mulheres, inclusive magras, possuem e tentam esconder com o photoshop.
Se for para sacanear as gordinhas, mostre que mulheres magras também sofrem com infinitas doenças, são chatas e antipáticas que também são alvos de duras críticas. Mostre que há mais casos de AIDS entre as mais bonitas do que as consideradas "feias". Mostre as mais bonitas usando sua beleza superficial como moeda pra conseguirem facilidades e benesses variadas.
Mostre os galãs (aqui é aceito o protótipo babaca) babando por mulheres gordinhas.
Traga a tona o que mais interessa: seus valores, alegria, simpatia, superação.
Apresente ao país uma quantidade enoooooome de homens (eu me incluo em primeiro na fila) que as amam, admiram, desejam e que as tem como "sonho de consumo".
Quem sabe muitos homens hipócritas e fantoches da sociedade comportamental ditatorial em que estamos, deixem seu preconceito de lado e as assumam.
Apresente-as como são em sua maioria: mais verdadeiras e autênticas.
Mostre-as com a convicção de que são desejadas.
Claro que não há distinção entre elas e as magras.
Mas, de uns tempos pra cá, esta história de avaliar uma mulher pelo número da balança é algo que foge de qualquer lógica.
Nós vamos continuar achando a Gisele Bundchen ou a Angelina Jolie lindas, mas muitos perderão o medo de admirar e assumir que amam quem amam, mesmo que não estejam com o mesmo peso que elas na balança.









(Lembranças a Keka e http://mulherao.wordpress.com/  ---- Pq a matéria me fez lembrar delas mesmo rsrsrsrsr )

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