A comemoração ou celebração de um aniversário, do Natal, Ano
Novo ou outra data especial tem, em termos práticos, qual finalidade?
Em palavras curtas, quase nenhuma, além da pura
"celebração" ou, diriam outros, da justificativa de um momento para
extravasar. Futilidade pura.
Mas onde está a razão do culto geral a este hábito?
Em uma análise direta, estar vivo em franca relação com a
existência física, pode ser uma justificativa inicial.
Lembrar a nós mesmos, alterando nossos sentidos, que estamos
atravessando o mar da vida, pode ser um ponto de equilíbrio.
Vale pontuar se estamos contando semanas por meio de barras
riscadas nas paredes da cela ou se estamos anotando as conquistas em check ins
dos postos de controle de um Rally de Regularidade existencial.
Comemoro o dia do meu nascimento para a vida (meu
aniversário) e o dia do nascimento da vida para mim (Reveillon).
Mas não me perco: O que pode uma data que não é reconhecida
pelos passarinhos, pelos quatis, árvores e as siriemas influir na minha
natureza?
O que ocorre com as marés, com o nascer do sol, com o
movimento das nuvens quando faço aniversário ou quando é ano novo?
A natureza das coisas e a minha natureza possuem certa
distinção.
Quando me volto para o ego, para "mim", minha
natureza prevalece.
Mas posso me desprender totalmente do "eu" se o
objetivo é fazer prevalecer somente a natureza das coisas?
Nesta amalgama entre a frieza das coisas e a nossa
efervecência egóica é que pode surgir o equilíbrio.
Uma distância contida em contraponto à embriaguês do
envolvimento excessivo. E é aí que voltamos a análise a este inconsciente
coletivo inconteste.
Estamos em nós e no mundo.
Estamos flutuando entre as duas naturezas.
Renunciar às duas ou a uma delas é se impor, por escolha
pessoal, uma auto-limitação, onde este limite é a renúncia por uma ou todas as
formas.
Neste ponto, quando nos defendemos do perigo do julgamento,
podemos encontrar felicidade nesta escolha (afinal, seria outra a finalidade de
se buscar uma ação de critério individual?).
Se não me importa um resultado, de que vale a ação?
Que sejam felizes ou tristes os que "não gostam"
de aniversário ou reveillon. Se o forem, a aprovação pela concordância em algo
positivo irá sempre alimentar suas posturas. Porque estas datas tratam de um
"momentum" pessoal-coletivo: ignoradas ou tratadas com o mais
desbravado prazer, são, per si, motivos para levar alegrias e tristezas.
Dificilmente passaremos incólumes, estando com outros ou
consigo mesmo.
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