quarta-feira, 10 de julho de 2013

O lado filosófico da "trollagem"


Esta trollada que muitos acabam caindo no FB sobre SPC, “O FB vai ser pago”, “O FB vai usar sua imagem”, “Copie e cole no seu perfil” etc. (na verdade já deixo de ler estas idiotices na segunda frase) deixam duas questões que podem ser analisadas de forma mais filosófica e com uma reflexão mais aprofundada:
Em primeiro fica escancarado a facilidade com que as pessoas tem em acreditar em tudo o que veem pela frente. Uma pessoa escreve um monte de asneira sem absolutamente nenhum fundamento e de forma inocente, motivado pela ignorância, muitos acreditam e agem seguindo aquela orientação.
Percebam uma ação mínima (copiar e colar no perfil), mas é ainda uma ação. Faz com que a vítima, movida por medo ou receio, antes de pensar e analisar o ridículo do fato, aja.
Esta atitude explica, por exemplo, as eleições “inexplicáveis” onde pulhas são eleitos?
Explica a ação de muitos que escrevem em cartolina e saem pra rua pra falar o que não sabem, defendendo o que não tem ideia?
Explica a volatilidade da “opinião pública”?
Mostra a gênese do anti-partidarismo, anti-político?
Corrobora a certeza do pensamento reducionista, onde basta falar mal do Feliciano, Lula, Dilma, PT, Sarney ou Renan que sou um "ativista politizado"?

Outro ponto a analisar é o “Passou no Fantástico”.
Esta chancela de ter sido levado ao ar em um programa de televisão específico mostra um ponto positivo.
Falar que “passou no Fantástico” é uma forma de dizer que entrou em um programa que ninguém assistiu.
Fica fácil para quem viu ao Fantástico (ou outro programa que foi citado) perceber que aquilo tudo é uma mentira. Afinal, quem assistiu, sabe que não teve nada daquilo no programa.
E esse é um ponto que temos que levar em consideração.
É extremamente danoso para um país ter 2, 3 veículos que detém toda a audiência.
Quanto vemos estes 30, 40 pontos da Globo, temos que nos preocupar muito.
Nos EUA, por exemplo, quando uma emissora atinge 5, 10 pontos é motivo de comemoração por um ano. Porque há uma pulverização da audiência e uma demanda enorme de canais em programação variada.
Nosso país tem ainda o monopólio da Globo, da Folha/Estadão, da CBN etc.
É um crime para uma nação que anseia “acordar”.
Mas é um alento perceber que o Fantástico tem menos audiência do que “credibilidade” para enganar trouxa no FB.
Aliás, não podemos nem comemorar tanto porque o Fantástico está sendo engolido pela “Fazenda” que é um lixo escatológico ainda pior do ponto de vista da alienação.
Mas é inegável que estamos, aos poucos, nos desacostumando da audiência involuntária à Globo.
A última novela que assisti mais de 5 capítulos foi Roque Santeiro. De lá pra cá vejo esta tentativa patética dos autores milionários das novelas em levantar bandeiras de uma ou outra doença e um ou outro comportamento na ilusão de que vai “mudar o Brasil”.
Foi o último respiro dos noveleiros em dar algum sentido a mais perniciosa forma de “arte” praticada no país (tão ruim como a "música" divulgada pela emissora). Vendendo produtos e copiando descaradamente as tramas de obras consagradas da literatura nacional e internacional e a linguagem dos seriados americanos.

A conclusão é que o Brasil não acordou, sequer, para identificar a trollagem de um reles adolescente que publica um texto cuja replicação se espalha aos milhares nas redes sociais.
Acordar para o reducionismo intelectual, inflado pelo esvaziamento ideológico e total desconhecimento de causa é ainda permanecer no sono, só mudando o sonho.   

Um comentário:

frank disse...

totalmente, eu nunca cai nessa, nem na dos 15 centavos, as pessoas que acreditam nestas coisas, se mostram facilmente manipuláveis, um quadro propicio para os políticos de plantão.