segunda-feira, 24 de junho de 2013

A Gênese das Manifestações


A maioria das pessoas diz não entender ao certo o motivo de tanta gente na rua.
Não é difícil analisar, basta fazer um diagnóstico simples:
No início de tudo, o Movimento Passe Livre sai mais uma vez às ruas (muitos não sabem que o movimento existe há mais de oito anos).
A polícia truculenta, burra e sem o básico pensamento estratégico, ataca violentamente.

Na TV as emissoras manipuladas, reféns dos anunciantes bilionários e da postura sempre unilateral e anti-jornalística, afirma que os manifestantes que gritavam “paz” e “não violência” eram baderneiros e arruaceiros.
Os respectivos “soldados” de cada emissora saem contra os manifestantes com as mais absurdas idiotices possíveis: Datena na Band tenta manipular uma pesquisa ao vivo e leva um grande revés, Jabor na Globo fala besteira atrás de asneira, Scherazade no SBT também xinga os manifestantes e acaba recebendo mais divulgação sobre sua pessoa, visto que o povo em geral nem sabe quem é.
O que a TV, com sempre, “uma velhinha caquética olhando a internet de longe”, não sabia é que todo mundo tem máquina fotográfica e filmadora no celular e publica tudo no facebook.
Um vídeo e uma foto atrás da outra, mostram a realidade do que estava acontecendo. Na total e irrestrita burrice dos policiais, vários jornalistas são agredidos.
Pronto!!!
Até no exterior as pessoas saíram à rua para dar apoio aos manifestantes.
Afinal, todo mundo quer a polícia para dar segurança quando são roubados, atacados na rua, assaltados no trânsito, mas em geral, ninguém gosta oficialmente da polícia, porque todos, em algum momento, tiveram que suportar a arrogância e o “rei na barriga” de algum policial frustrado e mal treinado.
O que ocorreu a partir deste ponto todos já sabem.
Os manifestantes da Marcha da Maconha foram pra rua, os Gays e simpatizantes contra o Feliciano também, os “da esquerda”, os “da direita”, os que fazem greve, os que são contra a corrupção, contra os gastos com a copa, os que são contra os políticos ou a PEC 37 e Ato Médico, os que tem alguma causa...

Todos foram as ruas para o direito de irem as ruas.
Todos foram reclamar pelo direito de reclamar.
E é evidente que isso é profundamente legítimo. Todo brasileiro deveria ir às ruas pra falar sobre a carga tributária, para mudar a vergonhosa classe de políticos ladrões.

Ficam algumas perguntas:
-O que haveria se, lá atrás, os policiais não tivessem agido com violência e deixado os manifestantes do Passe Livre seguirem?
-Estaríamos com esta capacidade toda de mobilização sem as redes sociais?
 Estas perguntas não são desabonadoras dos importantes manifestos, mas lançam uma reflexão sobre as motivações de cada um. Desde o oportunismo dos bandidos e vândalos, até a boa intenção dos que protestam contra as causas urgentes do país.
Questões camufladas no atavismo social como o repúdio às instituições reguladoras e notadamente repressoras (quando o assombrado passado da ditadura militar). Feridas expostas quanto ao trato com o povo e seu direito de se rebelar contra situações que, há muito, passaram dos limites. A hipocrisia de tentar lavar uma ideia apartidária, o desencanto do cidadão em relação aos governantes (seja na esfera Municipal, Estadual ou Federal), todos lutam pelo direito de ter esperança em uma situação melhor. Uma vontade de grande de ser mais feliz.
Mas não podemos ser tão ingênuos: a única e exclusiva forma de se fazer uma cidade, estado ou país gigante é pelo voto, pela consciência e persistência em acreditar e patrocinar os melhor.
Saudemos as reformas!
Que mudem as relações políticas, o trato com o erário público.
E que, além do povo, os responsáveis por todas estas demandas também "acordem".

segunda-feira, 3 de junho de 2013

A caricatura de si mesmo



Há no imaginário humano um desejo escondido de que um dia tudo irá ser “consertado” e o mundo se tornará um lugar melhor para se viver.
Um pensamento rousseauniano que perpassa todos os livros de auto-ajuda e os chamados “religiosos” que, nos dias de hoje, também são da mesma categoria, por força de seu conteúdo.
Há neste mesmo mote, o inverso Hobbesiano,  que afunda os homens na vala da miséria e do desencanto, transformando-o em selvagem potencial.
É comum se deparar com estes polos no corolário popular. Basta ver os comentários abaixo de qualquer notícia escabrosa: “É o sinal dos tempos”, “O mundo está virado” ou “Falta amor”, “Falta Deus”...
Em meio a respostas da teo-panaceia e desígnios apocalípticos, segue o mundo, incólume.
A realidade insiste em não se adaptar aos paradigmas religiosos ou de linhas de pensamento. Se em algum momento se assemelha ao paradigma cristão, em outro ao muçulmano, ao hinduísta e até ateísta e, na maioria dos casos, em nenhum linha de pensamento pré-estabelecido.
Se a metáfora do “copo cheio, copo vazio” não explica o que se encontra nos detalhes entre os dois extremos, tampouco o “caminho do meio” é solução para tudo.
O que nos resta é viver.
Estamos jogados na existência onde pegamos e deixamos um bonde andando.
O “Trem da Vida” passa por nós. Dentro e fora, alto e abaixo.
Enquanto nos preocupamos em encaixar os acontecimentos a nossos padrões pessoais, parece que o tempo segue seu ritmo sem se importar muito com estas incorporações individualistas.
No fundo, o vulcão não deixará de expelir lava apenas pela vontade de um ou outro, o dedo no gatilho do menor que comete latrocínio não parece frisar mediante o pensamento do herói anônimo que roga pela paz em outra parte do planeta.
Em grande incoerência, o mesmo individualismo que cerca o pensamento de um ou outro extremo é, ironicamente, o que designa a verdade e realidade que determina a existência de cada um.
Encha-se de mágoa, ódio e tristeza e verá apenas isso por todos os lados.
Seja um “bobo alegre” e tudo será assim.
A verdade é individual e intransferível.
A apresentação existencial segue padrões próprios, sempre caóticos.

Nós e que tentamos, sempre desajeitados, dar um sentido a tudo, mesmo que este sentido só sirva para nos trazer um pouco de paz e conforto, mimados que somos.