domingo, 11 de dezembro de 2011

Passou!


Quero escrever esta frase apenas pra dizer que agora, ao terminar de lê-la ela não mais existe.
Não mais está aqui e se foi na velocidade da sua leitura e no espaço de seus olhos que a seguiram neste breve instante.
Ela está lá acima.
Você pode voltar para rever, lê-la novamente, mas não será mais a mesma.
Já se fez um juízo sobre ela.
Já a configuramos num espaço-tempo e, mesmo que não tenhamos combinado. Ou mesmo contra nossa vontade, ela se foi.
Ao voltar a ler, não será a mesma frase, apenas a mesma forma. E ainda tenho dúvidas sobre se ainda será a mesma forma.
Tudo assim: Efêmero. Mesmo a felicidade ou tristeza eternas são fulgases.
Mesmo você agora, que esteve estes segundos aqui, lendo, passou.
E mesmo este texto que, parado estava até que sua atenção se recaísse sobre ele, não existe mais a partir desta palavra:
A palavra palavra.
Nós temos dificuldade em perceber a idéia de espaço-tempo.
Nosso condicionamento-matriz nos prende a muitos conceitos que nem sequer sabemos ou dominamos.
Apenas estamos, ora inseridos, ora orbitando, ora nos afastando e aproximando.
Este "quem somos" filosófico, confrontado com o espiritual, alterado pelo psicológico ou até mesmo explicitamente científico, biológico, é fruto da mudança eterna e intrepidez mortal: o andar apressado e aparentemente inerte da vida.
Estamos caminhando para a vida ou para a morte? Ao lado, atrás ou a frente? De qual nos aproximamos mais?
O que está dentro de nós? Existe algo lá? Tudo está dentro ou fora?
Onde nos identificamos mais? O copo está mesmo cheio?
Não são mais dúvidas ou indagações vãs, mas conclusões de um pensamento despótico.
Tente responder cada pergunta e vai perceber.
Ontem beijava uma linda mulher. Onde ficou aquele beijo?
E tudo o que você até agora entendeu ou mesmo vai procurar entender depois de rever ou reler o que quero dizer aqui, estará lá: No beijo. Na linda mulher.
O que eu e você somos também.
"Quem somos" é mais importante de "quem fomos" ou "quem seremos"?
Ao fundo e no resumo concreto somos, ao menos agora, o espaço-tempo sobrepujado.
E ainda deixamos os pensamentos depóticos, a morte, a dúvida, a velocidade da leitura, o juízo sobre ela, o filosófico, o biológico, a forma, o beijo da linda mulher e a palavra palavra.
Ficando apenas o que somos. Que neste exato momento, passou!



2 comentários:

CURANDO E SENDO CURADO disse...

olá estou ouvindo seus mp3. Qual é a sua atividade realmente, trabalha com a psicoterapia?

Clayson Felizola disse...

Eu trabalhava na época dos áudios. O primeiro é 1997 e o último é de 2007, salvo engano. Mas, no momento estou trabalhando como jornalista e tenho uma produtora de vídeos. Eu tirei os áudios do ar ha um tempo e estou tentando transformá-los em vídeos. Foram mais de 20.000 downloads que eu contabilizei, mas agora, como se espalhou por aí, nem tenho mais idéia de como estão as coisas. :) Sou feliz pelo sucesso deles, mas hoje falaria sobre novos assuntos e descobertas, com certeza. Abraços.