quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Pássaros, alimento e filhotes





Fiquei em dúvida se deveria colocar a imagem acima.
Ela ilustra muito bem, mas reduz minha idéia.
Porém, como tudo nasceu daí, fica a imagem. Mas não se prenda a ela, apesar de ter um "significado maior" e ser "meiguinha" e cheia de "coisinhas fofinhas".
E também não se engane: Minha proposta é falar sobre a pedra do estilingue que mata este pássaro e, por consequência, todos os filhotinhos.
Portanto nada de "meigo" ou "bonitinho" no que se segue, mas ainda um pouco de "significado maior".
Apenas para amenizar, quero falar novamente sobre a sutileza do ato de aprender e nossas resistências e bloqueios ao novo ou "diferente".
Este distanciamento auto-imposto e  condicionado e a necessidade de repetir e reafirmar a repetição, pra continuar repetindo.
Falo sobre a grande Lei reinante do "achatamento". Sobre o mundo "ser plano" como no título do livro.
Sobre a presença onipresente dos gráficos de linha reta. Da não oscilação e do medo, esta fonte primordial.
O Deus da humanidade chama-se Medo.
Ele reina absoluto. Ele consegue ser Deus e diabo, sol e lua. Dia e noite. O medo é Deus (e diabo).
Aqui não me estenderei sobre tudo que está embaixo de suas asas. Seriam necessários mais livros do que todos os editados para descrever em detalhes suas variações.
Falo apenas da pedra que mata o pássaro e seus filhotes.
E nem precisava explicar ou mesmo escrever mais nada. Basta apenas colocar a foto acima, pedir para que olhe pra ela por alguns minutos para que depois leia a frase: Uma pedra de estilingue matou o pássaro  que alimenta seus filhotes.
Essa é a mensagem. Mas sei que é demasiado subjetiva e sugere uma ação impactante proposital e desmedida.
Porque a cena é linda. Profunda e nos leva a pensar sim.
Quero explicar a pedra como a nossa impossibilidade do ato anterior: Olhar a imagem e refletir sobre ela. Pensar. Aprender (e aprender muito) com o que ela nos passa.
Melhor que fôssemos observá-la in loco com a ação inicial do pássaro buscando alimento, com os filhotes famintos esperando, com a divisão do alimento entre eles, com a satisfação da necessidade momentânea do que dá e dos que recebem e da saída novamente do pássaro por mais alimentos. Este ciclo é extraordinário para uma reflexão. Eu escreveria um livro sobre ele.
E a pedra que mata o pássaro no caminho?
São nossos condicionamentos.
Desaprendemos a aprender. Não entendemos que aprender é algo maior do que "obter informação" de um livro, professor ou de qualquer fonte que seja.
Desaprendemos que a fonte somos nós e nossas experiências, associadas a capacidade de assimilação e entendimento no sentido amplo e irrestrito.
Não há escolas que ensinem crianças a andar.
Como elas aprendem?
Bebendo desta fonte que abandonamos quando desaprendemos a aprender.
Por isso, quem abandona esta fonte não merece viver. Porque ela é a verdadeira fonte da vida!
Quem nega a vida merece viver?
Nem vivendo está...
Quero fazer um convite a você.
Você viu o tamanho deste texto e, mesmo assim, se propôs a lê-lo.
Você não se intimidou com o fato dele não estar em um microblog onde temos x letras para escrever.
Você apenas buscou saber o que eu quis dizer e chegou até aqui. Quase no seu final.
Quero te parabenizar.
Meus textos mais lidos são os menores e este está fadado a estar na lista dos menos lidos.
Por isso o convite.
Procure a sua fonte.
Aquela que te ensinou coisas que não sabe como aprendeu, mas que aprendeu tão bem!
Você aprendeu mais que andar, você corre, dança, escala montanhas, anda de bicicleta, pratica inúmeros esportes e usa estas mesmas pernas pra tanta coisa!!!
Você nem se lembra de como aprendeu a usá-las.
Mas, acredite, naquele momento você estava bebendo desta fonte.
Volte a ela.
Volte a observar, olhar, sentir, tatear, sorrir por nada e por tudo. Volte a sentir.
Volte a se preocupar, não com o tombo, mas com a alegria de se manter de pé por alguns segundos.
Volte a sua fonte sempre. Todos os dias.
Permita-se a aprender com os pássaros que alimentam seus filhotes.
Deixe de ser a pedra do estilingue.
Vá a seu interior e verá a fonte do sorriso e da conquista.
Não há a mínima necessidade de se preocupar com as pessoas que vão te ver levar tombos e dar risadas ou correr pra te levantar.
Pense que o mais importante são aqueles poucos segundos de pé e em tudo o que envolve este momentum.
Aprenda com quem não tem a mínima idéia de que está te ensinando algo.
E merecerá estar vivo.

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