terça-feira, 27 de maio de 2008

O Equilíbrio das emoções

Nós não somos ímãs ambulantes.
Pensar assim é desconsiderar o fato de que fazemos parte de um todo, que vivemos em sociedade, que estamos interligados. Pensar que somos ímãs é pisotear em descobertas científicas que vão desde a moderna neurociência até ao inconsciente coletivo de Jung.

Quem vive por aí vomitando palavras (alheias) que "nós atraímos tudo o que ocorre em nossas vidas" não conhece a magnitude da existência humana e tampouco reconhece a atuação do meio no ser.

Dizer que somos ímãs ambulantes é nos isolar de todo o mundo e do mundo como um todo.
Ora, hoje descobri que meu presidente é ruim e que ele rouba a todos. Pergunto: do que vai me adiantar eu ficar fazendo exercícios de Lei da Atração para que eu tenha outro presidente? Qual o meu poder pessoal para mudar um presidente da noite pro dia? Eu, necessariamente terei que esperar um levante nacional como o impeachment para que ele saia de lá ou terei que esperar as eleições e contar com o voto de todos pra que saia. Caso contrário acontece o que aconteceu: ele é reeleito!

Uma falha grave destes "mestres" da Lei da Atração é não considerar a aplicabilidade de suas técnicas de forma coletiva. E eles nem estão preocupados com isso, só falam do individual. Eu, eu, eu.

Boa parte do que escrevem está nadando contra a maré atual que é pensar globalizado.
E, acreditem, esses pensamentos que eles estão pregando, mesmo sendo falhos e carentes de embasamento científico e até ético, fazem parte do equilíbrio da vida.

O que mais se fala atualmente é sobre a ação do homem sobre o meio ambiente e as possíveis consequências globais destas ações, ou seja, a usina de carvão na China prejudica a minha plantação de alface em Ibitiúra de Minas. Essa é a tônica do momento: A atuação individual sobre o global.

Neste meio surge o The Secret, Esther & Jerry Hicks, Joe Vitale e outros "mestres" da Lei da Atração e pregam a volta do individualismo (individualismo não é o mesmo que individualidade) a visão estreita do eu.

Trata-se de uma prova cabal da atuação desta manifestação dual.

Neste sentido Rhonda Byrne se opõe a Al Gore, sendo cada um, a representatividade destes dois polos. A primeira com a visão todos-ímãs, só-me-importa-o-que-é-meu e o segundo com a proposta do coletivo-global.


A fragilidade deste pensamento da Lei da Atração está nos pressupostos da lei. Dentre eles a idéia macambúzia de controle dos sentimentos.
Fico triste só de pensar em um ser humano 100% feliz!

Ter controle sobre a suas emoções, como é comumente pregado em técnicas de L.A. pode se tornar algo patológico e desequilibrado. O ser humano se manifesta de maneira dual. Há nele toda as centelhas manifestadas. Ser triste por um período e feliz em outro é natural e bem-vindo. Ser calmo em determinadas situações e violento em outras é igualmente natural.

Há em nós o fator "reação" que está ligado a questões atávicas instintivas.

O que nós devemos controlar não são as emoções como um todo, mas os extremos. E isso inclui o extremo da felicidade.

Ser muito irritado ou muito calmo é um erro.
Ser muito feliz ou muito triste também.
É correto estar muito feliz no enterro de alguém que você mais ama?

Neste sentido, o "ser feliz sempre" pode até ser bonito ao se ler ou mesmo pode até ser revigorante e provocar um certo prazer. Mas é frágil e carente de análise mais profunda.

O que conta e o que deve valer é o equilíbrio.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Uma Reflexão sobre texto dos Abraham-Hicks

O título do texto é:

Auto-Apreciaçao e fopi retirado de um post do Orkut.

É imperativo que chegue a um ponto de vibração positiva, em outras palavras, que se adore.
Se você não se gosta então pode esperar até ficar roxo e aquelas coisas que deseja não farão parte de sua experiência.
O equilíbrio que quer em sua vida é o equilíbrio da auto-apreciação.
E você começa a se apreciar ... não de uma só vez ... mas apreciar-se.
Pensamento por pensamento.
Parte por parte.
Momento a momento, procurado razões para valorizar-se.
Se tem problemas de relacionamento é porque não se gosta.
Muito do que acontece e gostaria de culpar o outro, acontece por falta de auto-estima. A falta de auto-apreço é responsável por TODA CARÊNCIA em sua vida.
Se não se dá bem com seu companheiro, se não se dá bem com seu empregador, se seu próprio corpo físico está doente, se não tem dinheiro suficiente, se as pessoas o destratam ... tudo que acontece em sua experiência é causado pela falta de auto-apreciação.
Quando você critica alguém, o problema está em você.
Quando você condena o Mundo, seja o mundo político, economico, religioso ou ecológico ... quando procura por defeitos no mundo, não é sobre você!!! É sobre a forma como se sente sobre si mesmo.
Por isso, amigos, nada é mais importante que verificar seu relacionamento consigo.
Asseguramos que seu Eu Interior o adora, mas você fecha as portas quando tem pensamentos de auto-desvalor ...

Citação do tape de Abraham-Hicks AB-20 Auto-Apreciação
A tradução é de Claudia Giovani


Todos conhecem meu descondicionamento.
Respeito os médiums Abraham-Hicks (me parece que só a mulher é medium), respeito Mozart, respeito Sócrates e respeito a capacidade de análise e reflexão do ser humano.
Não devemos acreditar ou aceitar tudo apenas por uma marca. Um pedigree.

O que penso é que, as informações estão aí pra serem assimiladas e isso é "fantárdigo"!

Para esclarecer melhor:

"Se tem problemas de relacionamento é porque não se gosta."

Com certeza!
Mas isso é só o começo e ainda é muito raso.
Quem se gosta DEMAIS não oferece espaço ao outro e tem dificuldades em aceitar as limitações deste. Não devemos culpar as pessoas que tem problemas de relacionamento. Dizer a ela que "não se gosta" ou que "não se valoriza" ou ainda que "não enxerga a realidade" e coisas do gênero não irá resolver seu problema e essa é uma atitude comum.
A sacanagem destes novos textos de auto-ajuda ligados a Lei da Atração é sempre essa: Culpar as pessoas. "Não atraiu milhões??????? O que????????? Você não atraiu milhões?????? Então é porque é burro!!!!! Não sabe fazer um exercício estúpido, não faz certo as coisas, não entende o que é dito." E aí por diante.
Isso é jogo sujo! Pô, o cidadão está duro, sem um tostão no bolso e agora ainda tem que levar nas costas o peso da culpa e aumentar sua posição de fracassado.
Devemos gostar também do outro (não personificado, mas como um ser humano), gostar da vida, gostar de aprender com os acertos e erros. Gostar de pensar que estamos em um processo de crescimento e só seremos idiotas se ficarmos repetindo sempre os mesmo erros.

A falta de auto-apreço é responsável por TODA CARÊNCIA em sua vida.
... tudo que acontece em sua experiência é causado pela falta de auto-apreciação.

Seguramente sim!
A primeira frase é corretíssima, mas a segunda...
Há uma generalização irritante neste grupo de escritores da Lei da Atração. TUDO é atração. TUDO é auto-apreciação. TUDO é apenas uma coisa.
Ora, TUDO é algo muito abrangente pra se resumir em um mísero ítem.
A generalização é preguiçosa.
Quando penso que TUDO o que acontece na minha vida é porque estou atraindo eu já me satisfaço e paro por aí...
Bati o carro, ganhei na loteria, conquistei o mulherão, bati o martelo no dedo...Atraí tudo isso. Pra que ficar pensando sobre as circunstâncias que me levaram a cada acontecimento se tudo foi "atraído"?
Com isso perco a oportunidade de aprender e entender a minha vida de maneira produtiva e eficaz. Fico estacionado, bitolado, alienado e paranóico. A tudo atribuo o mesmo valor e medida. Qual o crescimento nisso?
Na frase acima, no mínimo foi desconsiderado o imponderável. E é preciso "dar a César o que é de César". Se meu chefe é um idiota, isso é um problema dele. Se minha esposa é uma ignorante, isso é problema dela. Não se trata apenas de pedir demissão ou divórcio, que é a primeira coisa que um "auto-apreciador" faria. Trata-se de entender os motivos que me aproximei destas pessoas e do quanto posso aprender com elas. E, principalmente, não ME CULPAR pelo comportamento de terceiros. Tudo o que ocorre em minha experiência é causado pela maravilhosa diversidade com que a vida se apresenta a todos os seres humanos. Chefe mala e marido babaca não é "privilégio" de ninguém. Ao contrário, é o que mais tem por aí.

Auto Estima X Vaidade

Acabo de me deparar com uma frase:

"Se preferir a aprovação alheia, nunca experimentará auto-estima."


Esse é um erro clássico.
Confundir vaidade com auto-estima.
A vaidade está focada no que o OUTRO pensa de mim e no quanto devo chamar atenção para receber esta "valorização". A auto-estima é sobre o que EU penso a meu respeito, positiva ou negativamente.

Uma pessoa excessivamente vaidosa tem uma necessidade brutal de atrair atenção para si.
Ela estará sempre cercada de amigos e vai querer sempre ser o centro das atenções. Irá usar roupas chamativas, badulaques e irá se encher de artifícios para que seja sempre observada.
O vaidoso tem necessidade de aprovação.
Não raro, acaba mergulhando em desânimo e angústia. Há os que somatizam e se tornam maníacos-depressivos. O vaidoso não tem estrutura mental para não ser notado, principalmente quando está no momento da procura desta notoriedade (em uma festa, reunião, encontro etc.).
Relacionar-se com um vaidoso é algo, no mínimo, tedioso.
Algumas pessoas, já identificando este perfil, entram no jogo, ou seja, dão ao vaidoso o que lhe é mais valioso: Elogio, reconhecimento, bajulações. Com isso eles o controlam, o amansam. O vaidoso é altamente manipulável.

A auto-estima tem apenas uma semelhança com a vidade: é um pote de ouro que nunca se esvazia. Milhões e milhões são movimentados em nome da auto-estima. O saara da auto-estima está nos chamados livros de auto-ajuda (O saara da vaidade está nos cosméticos, na moda, no medicina estética). Quantas vezes você ouviu ou leu a frase "Você tem que ter auto-estima"?
E as confusões que as pessoas fazem? Confundem "auto" com "alto" e aí começam a falar "Baixa-estima" o que, não tem nada a ver com baixa auto-estima.
O certo é que a auto-estima tem graus. Portanto, simplesmente dizer que alguém tem que ter "auto-estima" não diz nada se não for acompanhada deste "grau", ou seja, devemos ter "auto-estima elevada".
Ter auto-estima elevada é uma das maiores atitudes que podemos ter em relação a nós mesmos. Isso independe de qual a condição em que se encontra.

As diferenças precisam ser colocadas de forma mais clara: A vaidade como uma atuação superficial e frágil onde o vaidoso se afasta de seu interior pra extrair um prazer efêmero, fullgas da vida mundana e, com esta atitude, se corrompe, se agride, definha, estaciona e regride.
A auto-estima como uma atitude de reconhecimento de sua própria natureza, através de uma avaliação subjetiva de si mesmo que pode levá-lo a um crescimento maior, interação melhor com o meio em que vive, grau de consciência elevado, conquista de valores como ética e construção de caráter. Desde que, claro, o foco esteja no positivo.