sábado, 9 de junho de 2012

O que você pensa sobre mim?





O que há no pensamento de cada um?
Certo tempo eu me deparei com uma pergunta em um destes cursos mezzo picaretas. É incrível como há aproveitadores no caminho de pessoas bem intencionadas.
O dinheiro e tempo investido neste curso serviram-me apenas para refletir sobre uma pergunta, que me acompanhou durante um período: Como as pessoas te veem? 
Na ocasião a pergunta foi bem alicerçada. Não se trata de fazer algo para ser melhor visto pelo outro. Não se trata de pensar em como ou o que o outro pensa a seu respeito. Também não se trata de futilidades cotidianas, fofocas, "fazer média", "duas caras" e amenidades afins.
A pergunta era simples. De tão simples que foi necessário afunilar suas interpretações até chegar na crueza da fórmula: "como eu me vejo" e "como eu imagino que os outros me veem" em contraponto com "como realmente os outros me veem".
Fiz este curso há cerca de duas décadas (tempo em que, inclusive, não havia a preocupação em saber como se escreve "veem" dentro de uma possível reforma ortográfica... bons tempos...)
Hoje não mais me preocupo com este detalhe. Mesmo que o outro tenha uma grande ideia sobre mim ou mesmo que me ignore, mais importante é como sou.
Naquele momento em que recebi esta pergunta, era importante saber como os outros achavam que eu era, até para confrontar aquela realidade a minha.
Será que os outros, ao terem uma visão diferente da que tenho a meu respeito, estariam mais corretos acerca de mim do que eu mesmo?
Eu estava procurando exatamente esta resposta que se constituía também na procura da minha identidade. 
A nossa identidade está naquilo ou naquele que formam a nosso respeito ou no que nós procuramos formar sobre nós mesmos?
Era um momento de encontro ou mesmo de abandono.
Hoje vejo que não há necessidade deste controle.
Ao menos para mim basta seguir uma cartilha básica. Algo bem simples e resumido. Algo que possa constituir os "preceitos básicos da minha existência" que, mesmo intangíveis, possam se tornar tão concretos a ponto de quase sê-lo.
Penso em seguir aqueles ditames gerais que, por vezes, flertam com o piegas: Ser honesto e verdadeiro, sem me tornar rígido e quadrado. Ser correto e obedecer as leis sem descambar para a paranoia do "politicamente-correto-extremista" e ser coerente, tendo bons princípios, sem me fechar em dogmas e ideias pré-concebidas.
Conceitos assim me atraem. São pontos de partida.
Estabelecer equilíbrio é uma meta pessoal, mesmo que não seja um fim.
Posto isso, não me interessa mais entrar no coração das pessoas.
Não posso julgar e interferir no pensamento de quem me vê.
Alguém que me julga como uma pessoa que faz as maiores armações e sacanagens do mundo, irá me ver de acordo com seu universo pessoal. 
Alguém que me vê como um São Francisco também.
Mais vale o que eu sou do que pensam que sou. Mesmo quando esse "eu sou" é algo que esteja acima de mim (como de fato está).
Quando aprendi que a minha preocupação com meu caminho pode fazer de mim algo bem próximo do que penso, passei a andar mais firme. Piso mais seguro, olho pra frente, com a cabeça erguida.
Se alguém acha que eu sou um vendido, mal caráter e egoísta, seu pensamento a meu respeito é indiferente. Entrego-o a natureza desta pessoa, que não deve ser muito diferente dos adjetivos a que me atribui.
E aos que me admiram ou beijam minha mão para pedir benção, ofereço um respeito contido. Aquele respeito que termina onde começa o sopro do balão do ego.
Mesmo ciente da minha condição humana e, por isso, sabendo que não posso corresponder completamente as expectativas dos que me veem como um homem sem defeitos, sei que, de certa forma, eles evocam em mim algo semelhante de onde sonho em me aproximar.
Não se trata de pretensão. Prefiro me inspirar nos que me veem bem do que me deprimir com os que se veem em mim.

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