Nós estamos cercados de acontecimentos, fatos e objetos que
não podemos afirmar se são definitivamente reais.
Lembro-me de quando tinha lá meus 15, 16 anos, ouvi de um
professor espiritual que eu deveria dar alguns pulos tentando alcançar o céu.
Bastava pular buscando subir o mais alto possível. Segundo aquele professor, se
meu pulo fosse mais alto do que o de um ser humano "normal" é porque
provavelmente eu estaria morto. Ele tentava esclarecer que muitos morrem sem
saber. E "vivem" sem saber que morreram. A tendência era que
continuassem repetindo as mesmas coisas sem se dar conta de seu novo estado
fúnebre.
Na época não havia o filme Sexto Sentido (já cheguei nos
meus 41 né..) portanto o impacto da informação foi grande e de muita
relevância. Passei alguns anos dando pulos, sempre que houvesse conveniência,
coincidindo com a lembrança do seu ensinamento.
Passado algum tempo, avançando meus estudos em sonhos
lúcidos, me vi pulando em um sonho e a sensação era exatamente a que ele havia
descrito para o estado de um morto. Eu flutuava ou mesmo pulava e me
transportava para outro ponto do planeta ou fora dele. No começo, o medo de ter
chegado ao término de meus dias, me fazia voltar do sonho em segundos, depois
sorria muito ao acordar.
Eu estava morto ao sonhar? Onde vamos quando sonhamos? As
conjecturas são inúmeras. Porém uma conclusão me veio depois de um certo tempo:
Nossa realidade e nossa percepção são tremendamente relativas. Nosso mundo,
nossa consciência e o aporte de nossos pensamentos e processos mentais e
cognitivos traçam regras díspares sobre o que ou quem somos.
Ponderando sobre o imponderável, temos a máxima da mecânica
quântica, onde um elétron muda de camada em um "passe de mágica",
"sumindo e aparecendo" em um movimento cientificamente impossível. A
pergunta que não encontra lógica ou explicação direta, surge quando se tenta
saber onde a partícula mágica se encontra ou "para onde vai" no
momento que desaparece e aparece novamente em outro lugar, sem que seja
detectada sua trajetória.
Nietzsche, em sua frase célebre, sugeria em tom quase
imperativo: "Torna-te quem tú és".
Ele só se esqueceu de dizer que poderemos ser mortos e vivos
em uma mesma existência, ora sumindo e aparecendo, ora presos na infalível lei
da gravidade, ora visitando outros planetas da galáxia em meio a divagações
oníricas.