terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O lirismo onírico dos passarinhos

Fiquei amigo de todos os passarinhos.
Eles batem asas e voam por aí, com minhas esperanças, espalhando a música dos meus anseios e sonhos por todos os lugares.
Pra quem tem "ouvidos para ouvir" e oferecem a eles sementes de atenção, eles agradecem com sua sinfonia, orquestrada pelas minhas vicissitudes e quimeras: o canto dos meus desejos e pensamentos mais íntimos.
Eles são o substrato dos meus sonhos, com suas mudanças repentinas, com seus movimentos aparentemente randômicos.
São rápidos, mas sabem pousar. Param no alto das árvores e observam curiosos o mundo abaixo.
No chão, em geral, pulam. Nunca rastejam, não parecem tão à vontade em solo firme. São sonhadores e como meus sonhos, estão lá no alto junto com dezenas e centenas, em revoada, em bandos. Brincando com o vento.  
As vezes nem sempre me levam onde quero ou prevejo, mas sempre trazem pra mim um pouco do que eu preciso.
São agora meus melhores e verdadeiros amigos.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Pássaros, alimento e filhotes





Fiquei em dúvida se deveria colocar a imagem acima.
Ela ilustra muito bem, mas reduz minha idéia.
Porém, como tudo nasceu daí, fica a imagem. Mas não se prenda a ela, apesar de ter um "significado maior" e ser "meiguinha" e cheia de "coisinhas fofinhas".
E também não se engane: Minha proposta é falar sobre a pedra do estilingue que mata este pássaro e, por consequência, todos os filhotinhos.
Portanto nada de "meigo" ou "bonitinho" no que se segue, mas ainda um pouco de "significado maior".
Apenas para amenizar, quero falar novamente sobre a sutileza do ato de aprender e nossas resistências e bloqueios ao novo ou "diferente".
Este distanciamento auto-imposto e  condicionado e a necessidade de repetir e reafirmar a repetição, pra continuar repetindo.
Falo sobre a grande Lei reinante do "achatamento". Sobre o mundo "ser plano" como no título do livro.
Sobre a presença onipresente dos gráficos de linha reta. Da não oscilação e do medo, esta fonte primordial.
O Deus da humanidade chama-se Medo.
Ele reina absoluto. Ele consegue ser Deus e diabo, sol e lua. Dia e noite. O medo é Deus (e diabo).
Aqui não me estenderei sobre tudo que está embaixo de suas asas. Seriam necessários mais livros do que todos os editados para descrever em detalhes suas variações.
Falo apenas da pedra que mata o pássaro e seus filhotes.
E nem precisava explicar ou mesmo escrever mais nada. Basta apenas colocar a foto acima, pedir para que olhe pra ela por alguns minutos para que depois leia a frase: Uma pedra de estilingue matou o pássaro  que alimenta seus filhotes.
Essa é a mensagem. Mas sei que é demasiado subjetiva e sugere uma ação impactante proposital e desmedida.
Porque a cena é linda. Profunda e nos leva a pensar sim.
Quero explicar a pedra como a nossa impossibilidade do ato anterior: Olhar a imagem e refletir sobre ela. Pensar. Aprender (e aprender muito) com o que ela nos passa.
Melhor que fôssemos observá-la in loco com a ação inicial do pássaro buscando alimento, com os filhotes famintos esperando, com a divisão do alimento entre eles, com a satisfação da necessidade momentânea do que dá e dos que recebem e da saída novamente do pássaro por mais alimentos. Este ciclo é extraordinário para uma reflexão. Eu escreveria um livro sobre ele.
E a pedra que mata o pássaro no caminho?
São nossos condicionamentos.
Desaprendemos a aprender. Não entendemos que aprender é algo maior do que "obter informação" de um livro, professor ou de qualquer fonte que seja.
Desaprendemos que a fonte somos nós e nossas experiências, associadas a capacidade de assimilação e entendimento no sentido amplo e irrestrito.
Não há escolas que ensinem crianças a andar.
Como elas aprendem?
Bebendo desta fonte que abandonamos quando desaprendemos a aprender.
Por isso, quem abandona esta fonte não merece viver. Porque ela é a verdadeira fonte da vida!
Quem nega a vida merece viver?
Nem vivendo está...
Quero fazer um convite a você.
Você viu o tamanho deste texto e, mesmo assim, se propôs a lê-lo.
Você não se intimidou com o fato dele não estar em um microblog onde temos x letras para escrever.
Você apenas buscou saber o que eu quis dizer e chegou até aqui. Quase no seu final.
Quero te parabenizar.
Meus textos mais lidos são os menores e este está fadado a estar na lista dos menos lidos.
Por isso o convite.
Procure a sua fonte.
Aquela que te ensinou coisas que não sabe como aprendeu, mas que aprendeu tão bem!
Você aprendeu mais que andar, você corre, dança, escala montanhas, anda de bicicleta, pratica inúmeros esportes e usa estas mesmas pernas pra tanta coisa!!!
Você nem se lembra de como aprendeu a usá-las.
Mas, acredite, naquele momento você estava bebendo desta fonte.
Volte a ela.
Volte a observar, olhar, sentir, tatear, sorrir por nada e por tudo. Volte a sentir.
Volte a se preocupar, não com o tombo, mas com a alegria de se manter de pé por alguns segundos.
Volte a sua fonte sempre. Todos os dias.
Permita-se a aprender com os pássaros que alimentam seus filhotes.
Deixe de ser a pedra do estilingue.
Vá a seu interior e verá a fonte do sorriso e da conquista.
Não há a mínima necessidade de se preocupar com as pessoas que vão te ver levar tombos e dar risadas ou correr pra te levantar.
Pense que o mais importante são aqueles poucos segundos de pé e em tudo o que envolve este momentum.
Aprenda com quem não tem a mínima idéia de que está te ensinando algo.
E merecerá estar vivo.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Eu quero que o Fantástico vá para o inferno!

Eu achava o Fantástico o melhor programa da televisão brasileira.
Agora não assisto mais, só minha mãe.
Creio que o Fantástico é algo que se adaptou ao seu estilo porque, antes que termine o programa ela já está dormindo e o Fantástico é ótimo pra isso.
Meu amor com o Fantástico já tinha acabado. Eu assistia só por causa da Patrícia Poeta. Qual homem não vai querer ver uma mulher morena com lindos cabelos negros sorrindo?
Tem alguém no Brasil que acredita mesmo que a Marilyn Monroe representaria em qualquer momento da nossa história um "ícone-de-beleza"?
A MM era branquela e azeda. A única semelhança com algumas brasileiras era o fato de ser vagabunda, adúltera e vulgar.
Tinha lá um "corpo", mas eu ainda sou mais a Patrícia Poeta.
Era, porque, agora, o que ela menos faz é sorrir. E ainda me dá a sensação de uma terça ou quarta ser domingo.
Uma mulher que me faz lembrar do domingo na terça e que não sorri não merece ser "ícone-de-beleza". Não merece nem sequer ser desejada.
Aliás, a Patrícia Poeta é gostosa? Ainda não ví se ela tem bundão ou peitão.
Aqui no Brasil basta o bundão.
Acho que nós homens temos este fetiche por bundão porque, no fundo, depois de transar, a gente quer que a maioria das mulheres vá embora. Ou, melhor, nós queremos elas sempre de joelhos, implorando por nosso dinheiro.
Ou ainda, se já tiver passando melhor que já estejam indo. Elas passam e fica o bundão por alguns momentos. Mas vão.
Porque a mulher brasileira, em sua maioria, quer apenas cantar música sertaneja, dançar axé ou funk, beijar em mikareta, falar mal de suas amigas e ser fútil. Muito fútil.
Quando lê algo, não lê nada que não seja fútil. E, pior, assiste novelas.
Não há nada mais execrável que novelas e livros fúteis (ainda mais estes de auto-ajuda ou "espirituais").
Zíbia Gasparetto e Padres tipo Rossi e Fábio vão morrer e ir para o inferno. Talvez nem tanto por merecimento, mas porque seus leitores vão puxar eles para lá, pra que continuem escrevendo mal sobre coisas banais e óbvias.
Mas tem os produtores do Fantástico, que vão pro inferno também.
Eles serão puxados pelos telespectadores que participam das enquetes que "tem três minutos" para responder.
A última gota d'água do Fantástico, ao menos pra mim, foi quando fizeram uma matéria completamente tendenciosa sobre crianças gordinhas e perguntaram em uma enquete se os telespectadores concordavam com o "estado" tomar a guarda dos pais das crianças gordinhas.
Quando ví a resposta em que os telespectadores responderam SIM, eu fiquei sem ação.
Não sabia se xingava o programa ou os telespectadores.
Como alguém pode concordar que um deputado, um senador ou a president"a", cuide seus filhos?
Ou estão loucos, ou cegos ou vão mesmo para o inferno.
Se minha filha ver a Dilma de perto ela não dorme sozinha por dois meses. Ela não irá ao banheiro sozinha nem durante o dia. Ela não ficará sozinha. Se vc quiser assustar seus filhos menores não fale "bicho papão", fale "a Dilma vai te pegar".
E tem gente que acha que "o estado" deve cuidar das nossas crianças.
Só pode ser piada isso. Mas não era o Pânico ou o CQC, era mesmo o Fantástico e, se não me engano, a Patrícia Poeta estava apresentando.
Neste caso, eu trocaria pela Marilyn Monroe. Prefero a Marilyn Monroe sem bunda e sem peito cantando desafinado "parabéns pra vc" para o Lula do que ver uma enquete em que telespectadores querem que os políticos cuidem de suas crianças.
Ao menos a MM não teria credibilidade para apresentar o Jornal Nacional (que caiu 3 pontos nesta semana) e poderia continuar sorrindo no Fantástico para a minha mãe dormir tranquila no domingo, sabendo que seus filhos já são adultos, que os deputados não irão tomá-los dela e com esperança de que o Bruno e Marrone, com o Leonardo e a Ivete Sangalo poderão participar do Especial de fim de ano do Roberto Carlos (que foi cancelado neste ano) cantando juntos "...e que tudo mais, vá para o inferno".

domingo, 11 de dezembro de 2011

Passou!


Quero escrever esta frase apenas pra dizer que agora, ao terminar de lê-la ela não mais existe.
Não mais está aqui e se foi na velocidade da sua leitura e no espaço de seus olhos que a seguiram neste breve instante.
Ela está lá acima.
Você pode voltar para rever, lê-la novamente, mas não será mais a mesma.
Já se fez um juízo sobre ela.
Já a configuramos num espaço-tempo e, mesmo que não tenhamos combinado. Ou mesmo contra nossa vontade, ela se foi.
Ao voltar a ler, não será a mesma frase, apenas a mesma forma. E ainda tenho dúvidas sobre se ainda será a mesma forma.
Tudo assim: Efêmero. Mesmo a felicidade ou tristeza eternas são fulgases.
Mesmo você agora, que esteve estes segundos aqui, lendo, passou.
E mesmo este texto que, parado estava até que sua atenção se recaísse sobre ele, não existe mais a partir desta palavra:
A palavra palavra.
Nós temos dificuldade em perceber a idéia de espaço-tempo.
Nosso condicionamento-matriz nos prende a muitos conceitos que nem sequer sabemos ou dominamos.
Apenas estamos, ora inseridos, ora orbitando, ora nos afastando e aproximando.
Este "quem somos" filosófico, confrontado com o espiritual, alterado pelo psicológico ou até mesmo explicitamente científico, biológico, é fruto da mudança eterna e intrepidez mortal: o andar apressado e aparentemente inerte da vida.
Estamos caminhando para a vida ou para a morte? Ao lado, atrás ou a frente? De qual nos aproximamos mais?
O que está dentro de nós? Existe algo lá? Tudo está dentro ou fora?
Onde nos identificamos mais? O copo está mesmo cheio?
Não são mais dúvidas ou indagações vãs, mas conclusões de um pensamento despótico.
Tente responder cada pergunta e vai perceber.
Ontem beijava uma linda mulher. Onde ficou aquele beijo?
E tudo o que você até agora entendeu ou mesmo vai procurar entender depois de rever ou reler o que quero dizer aqui, estará lá: No beijo. Na linda mulher.
O que eu e você somos também.
"Quem somos" é mais importante de "quem fomos" ou "quem seremos"?
Ao fundo e no resumo concreto somos, ao menos agora, o espaço-tempo sobrepujado.
E ainda deixamos os pensamentos depóticos, a morte, a dúvida, a velocidade da leitura, o juízo sobre ela, o filosófico, o biológico, a forma, o beijo da linda mulher e a palavra palavra.
Ficando apenas o que somos. Que neste exato momento, passou!