sábado, 25 de abril de 2009

A Gripe Suína

Acabo de ouvir uma pessoa comentar na rua com seus colegas sobre a cantora "feia", "desengonçada" e (coloque aqui seus adjetivos depreciantes) que canta "maravilhosamente", "de forma magnífica" e (coloque aqui seus adjetivos enaltecedores).

Sim!

Acredite!

Pessoas que estão foram do padrão estético vigente podem surpreendentemente saber cantar! E aqui, a relação é evidenciada: Quanto mais diferente a pessoa, mais seus atributos como cantora parecem ter valor, ou seja, quanto mais feia, mais impossível ter talento.

E as pessoas nem reparam neste ridículo. Simplesmente repetem a história com as mesmas informações.

Ouvi hoje do rapaz a minha frente a narração: "Ela é horrível! As pessoas não botaram fé nela, uma gorda com um cabelo estranho, todo mundo tirava com a cara dela, mas quando cantou, ela arrasou. Eu acho que ela cantava alguma coisa difícil de cantar em inglês".

No fundo, Susan Boyle é mais uma cantora como muitas e muitas. Não é um "fenômeno" da música. Mas canta bem sim, com o diferencial de não estar dentro das exigências do mercado atual que exige, além do dom artístico, os tais dotes físicos, ou seja, não basta apenas saber cantar para ser cantora, tem que ser bonita, dançar, ser sexy, ter noções de oratória, carisma, etc.

Neste caso da Susan, o que mais me impressiona não é a cantora, acima da média com certeza, mas a capacidade de interconexão da informação.
A internet transcendeu o que sábios da antiguidade poderiam imaginar. repare que não há profetas, pensadores, nem "grandes homens" que tiveram imaginação para pensar com precisão o que estamos vivendo hoje. Sim, muitos previam uma interconexão planetária, mas não desta forma e nunca com a quantidade de seres humanos atual e com a dimensão geográfica conhecida. Afinal, em todos os lugares do mundo se fala de um programinha televisivo de calouros, mesmo que este programa não chegue até seus televisores.

Nesta mais recente leva de interrelação humana, um outro fenômeno:
A expansão absurda de epidemias.
Vimos a vaca louca, a gripe aviária, febre aftosa e agora essa epidemia com potencial para se transformar numa pandemia.

O mundo está se tornando, a cada dia que passa, um corpo só.

Mesmo aqueles que negam ou agem de forma cética em relação as teorias como a do "inconsciente coletivo", a do "100º macaco" ou mesmo o "Campo Morfogenético" do Rupert Sheldrake terão que dar o braço a torcer.
Afinal, uma doença que deveria ficar restrita a alguns currais de um vilarejo no interior de uma país, pode tomar conta do mundo e da cabeça dos fanáticos apocalípticos.

Estamos diante da mais nova praga mundial.

A meu ver, mesmo que de forma negativa e trágica, temos mais uma demonstração desta relação entre os seres humanos nos tempos atuais.

E esta nova configuração dos relacionamentos humanos vai além do entretenimento e da saúde pública. Ela está se enraizando, num processo que não tem volta, na nova forma de ver ao outro e a nós mesmos. Mesmo que o outro traga na bagagem um vírus assassino ou um vídeo do youtube.

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