O Brasil é país de jovem democracia. Esta é a desculpa para
que tenhamos paciência elefantesca com ladrões safados, caras-de-pau, dignos da
mais absoluta cafajestagem.
Somos também um país de jovens leitores. Aqueles que,
diferente de seus pais, em maioria, típicos analfabetos funcionais, se arvoram nas linhas
mal escritas das redes sociais, nos jornalecos de interior, blogs e mais tantos
outros escritos, em maioria, dignos de um escritor igualmente analfabeto
funcional.
Não se pode utilizar recursos linguísticos minimamente sofisticados. Os leitores de hoje pouco ou nada sabem sobre interpretação de texto. Nem pense em falar figuradamente. Tudo é levado ao pé da letra. Há pessoas que olham para o céu procurando canivetes. Basta que alguém utilize a popular afirmação sobre a tal chuva “diferente”.
Somos um país jovem.
E é curiosa a visão de “jovem” que defendemos.
Jovem é aquele que faz as piores maquinações, os atos mais levianos aos quais presenteamos com complacência e compreensão insuperáveis.
Não se pode utilizar recursos linguísticos minimamente sofisticados. Os leitores de hoje pouco ou nada sabem sobre interpretação de texto. Nem pense em falar figuradamente. Tudo é levado ao pé da letra. Há pessoas que olham para o céu procurando canivetes. Basta que alguém utilize a popular afirmação sobre a tal chuva “diferente”.
Somos um país jovem.
E é curiosa a visão de “jovem” que defendemos.
Jovem é aquele que faz as piores maquinações, os atos mais levianos aos quais presenteamos com complacência e compreensão insuperáveis.
Somos uma “democracia jovem”, portanto só fazemos as mais absurdas estultices.
Tolices de toda sorte que devem ser
aceitas e prontamente compreendidas.
Somos “leitores jovens”. Portanto, não termos hábito de leitura, quando muito, meio livro por ano. O que nos faz escrever como símios, sem distinguir grafias
de palavras parônimas, partindo facilmente de uma aceitável aliteração para a
mais escarrada cacofonia.
Pior do que a péssima interpretação de textos é
ainda a tendência persistente em personalizar e trazer uma ideia ampla, pautada
em aspetos globais, para o joão-e-maria das fofocas, maledicências e ataques pessoais.
Aliás, tudo precisa ser pessoal para não escapar da compreensão.
Se forem falar sobre uma ideia de Deleuze a respeito da condição humana atual não haverá audiência. Mas experimente comentar sobre a separação de uma atriz ou ator de novelas... Aliás, experimente falar sobre novelas!
Se forem falar sobre uma ideia de Deleuze a respeito da condição humana atual não haverá audiência. Mas experimente comentar sobre a separação de uma atriz ou ator de novelas... Aliás, experimente falar sobre novelas!
Tempos atrás, o país inteiro parou para ver a história de um conto de Dostoiévsky
escrito em 1869 (com sugestivo título de “O Idiota”) copiado de forma tão
explícita que o próprio personagem foi filmado lendo o livro em questão.
O conhecido “Tufão” caiu na boca do povo de uma forma emulada e caricata como nunca seria fonte de atenção ao seu original. Neste caso, “idiota” é o gênio Dostoiévsky e todos seus leitores, que foram enganados por uma farsa mercadológica apelativa feita pela “máquina de emburrecer pessoas” que copia um conto de 143 anos.
O conhecido “Tufão” caiu na boca do povo de uma forma emulada e caricata como nunca seria fonte de atenção ao seu original. Neste caso, “idiota” é o gênio Dostoiévsky e todos seus leitores, que foram enganados por uma farsa mercadológica apelativa feita pela “máquina de emburrecer pessoas” que copia um conto de 143 anos.
Um país jovem apela constantemente para a discussão sobre pessoas subjugando a proposta de discussão própria de ideias.
Por isso tão poucos filósofos.
Míseros.
Por isso a ira contra quem critica ou tem opinião.
Não produzimos quase nada digno de nota.
Mas faço uma justiça aqui: Jovens não são na realidade como os desenhos dos acomodados e complacentes.
Ao menos não deveriam ser.
Nas maiores revoluções, em todas as guerras e batalhas da história estão os jovens.
São os jovens a força motriz das mudanças e das novas ordens.
Os jovens trazem o elemento do movimento e não da estagnação.
Afirmar que somos jovens?
Nem longe disso. Não temos nem o furor inquietante dos mais novos e nem a sabedoria serena, perspicaz e direta dos mais experientes.
O que temos é a irresponsabilidade de uma criança mal criada.
Se somos ainda muito coniventes com a roubalheira dos políticos é porque ainda guardamos a inocência e despreparo de um bebê que mal conhece a vida e precisa que cuidem dele com afagos e cuidados básicos. Estamos ainda sujando nossas fraldas.
Se somos tão apáticos ao conhecimento e desenvolvimento é porque ainda permanecemos no inglório papel de uma criança mimada, destas que fazem birra quando são confrontadas na sua limitação, acomodação e inercia.
Ainda falta muito para sermos uma boa democracia e termos bons leitores.
Falta muito para desenvolver assuntos mais profundos e discutir ideias sem receio de falar e ouvir sobre a realidade vigente.
Para nos tornamos jovens precisamos evoluir muito.
Para melhor.